SOBRE O PROJETO

O projeto CONFRONTO DE IDEIAS foi lançado no dia 26 de setembro de 2007 em um debate público, numa tarde ensolarada no jardim interno do Vadião, para lembrar os 20 anos do Jornal Pessoal, um periódico paraense da linha de frente do jornalismo independente no Brasil e na América Latina, cujo editor, o sociólogo e jornalista Lúcio Flávio Pinto, em plena democracia, sofreu 33 processos por “dano moral”, por ter denunciado grilagem e roubo de terras públicas, projetos econômicos poluidores e devastadores, a chamada “imprensa chapa branca”, políticos profissionais, madeireiros, grandes empresários e “poderosos em geral”.

O projeto realiza atividades extensionistas na forma de debates, seminários, mesas-redondas, aulas públicas, oficinas, minicursos, exposições e apresentações artísticas, lançamento de livros e outras publicações  visando a difusão e a troca de saberes e interpretações sobre questões polêmicas ou controversas da atualidade, temas tabus, esquecidos, estigmatizados ou silenciados dentro da própria Universidade; visa também rememorar acontecimentos históricos significativos que merecem ser revisitados e debatidos à luz da realidade contemporânea, a exemplo das revoluções do século XX e das lutas anarquistas. .

Nesta linha de pensamento, o projeto procura mobilizar a comunidade acadêmica e a comunidade do entorno e de fora do Campus Universitário da UFPA em Belém, no sentido de provocar o debate crítico e a tomada de posição política a partir dos saberes produzidos sobre as realidades vividas na atualidade e na história. Visa alcançar um universo amplo de pessoas – intramuros e extramuros – interessadas num olhar mais profundo e reflexivo sobre as estruturas, os sistemas e regimes de opressão/dominação/exploração e o sofrimento social, e sobre as revoltas/lutas/resistências e movimentos de emancipação/libertação social provocados por regimes opressivos. Espera-se com estes debates suscitar o fluxo e a fruição de ideias, a dúvida e a curiosidade alimentadoras, dentre outros efeitos, de novas agendas de estudos e pesquisas na universidade pública e fora dela.

Uma de suas particularidades é procurar reunir em uma mesma atividade linguagem acadêmica e linguagem artística na abordagem de questões significativas e relevantes da atualidade e da história. Ou seja, procuramos envolver a arte nas nossas atividades de uma forma diferente do habitual-acadêmico (geralmente integrada como entretenimento), dando-lhe relevância e um lugar como produtora de interpretações críticas da realidade social.

 

Em abril de 2018, o projeto criou, no hall do Mirante do Rio (Campus da UFPA, Belém), um espaço expositivo aberto para linguagens artísticas, que foi inaugurado com a exposição “A arte do cartunista LuizPê”, celebrando os 50 anos de carreira do cartunista paraense Luiz Pinto, ilustrador do Jornal Pessoal, a partir de acervo de suas obras sob a guarda do Museu da UFPA. Rapidamente, o espaço foi procurado por diferentes pessoas que também tinham projetos expositivos. Assim, vieram em seguida as exposições: “Tu és a cor que um dia te perguntei” (2018), de Mileide de Barros, estudante do curso de Filosofia; “Atingidas por barragens bordando a resistência na Amazônia” (2019), exposição itinerante do Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB; “O poder das emoções. Alemanha 19/19” (2019), exposição internacional itinerante promovida em Belém pela Casa de Estudos Germânicos/UFPA; “Belém do Pará: (i)mobilidades urbanas” (2019), da Profa. Marly Silva. Recentemente, este espaço contou com o apoio da Casa de Estudos Germânicos para recuperação dos módulos expositivos. A ideia é otimizar o uso dos espaços públicos e abertos em um campus de uma cidade de clima tropical. Assim, fazemos uma espécie de extensão ativa de fronteiras, ocupando/valorizando espaços alternativos existentes e procurando alcançar ao mesmo tempo quem está dentro e fora da instituição, sem distinção.